Coletivo de textos de mães sobre coisas normais e inusitadas que acontecem na labuta diária com os pimpolhos.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Do que eles gostam?
terça-feira, 17 de abril de 2012
Branca de Neve
Por Daniela C
Final de semana passado fomos ao casamento de um casal de amigos. Levei minha pequena de quase três aninhos, e ela deu um show, de dois atos. O primeiro ato foi a trabalheira sem fim, pega a menina que está correndo para onde não deve, que está derrubando os enfeites das mesa, que está chorando enquanto o padre fala, que não quer comer, que sujou o vestido inteiro de pólen daquelas florzinhas amarelas de mato: foi para o jardim, recolheu umas vinte e fez um buquê para ela mesma, imitando a noiva.
O segundo ato do show foi sua fascinação pela Branca de Neve, digo, a noiva. A menina passou o casamento inteiro completamente hipnotizada pela mesma. Não tirava os olhos dela, a seguia para onde fosse, e apaixonada dava a mãozinha para ela e não queria largar. Da igreja até a festa fomos de ônibus, e ela passou a viagem inteira berrando que queria ver a B.d.N.!
Mas isso me preocupa. Meninas gostarem de princesa é meio que uma lavagem cerebral cultural criada por nós mesmos, os pais. Meu marido um dia inventou de chegar de uma viagem com um daqueles dvds de princesa. A partir daí comecei a notar como os estímulos estão em todos os lugares, nas estampas das roupas, nos desenhos dos brinquedos, naqueles vestidinhos de fantasia que todas as amiguinhas já têm e na televisão. Desde pequenas as meninas aprendem que tem que ser femininas, gostar de rosas, serem boazinhas e lindas, de cabelo comprido, magrinhas e roupas encantadoras.
Será que é esse o exemplo ideal para as meninas? Até hoje só fui mãe de menino, então esse universo rosa é novo para mim. Quando pequena eu adorava brincar com os meninos, competir com eles (e ganhava sempre, ao menos na natação e na arte de dar um fora quando me provocavam – era bom demais). Mas aprendi certas coisas de menina que me fazem um pouco fraca às vezes, achando que certas coisas são de homem.
Acho que às vezes ser uma menininha mais “macha” tem suas vantagens. Então já sei o que vou fazer: nada de ballet, hello kitty e festa de princesa, aniversário em casa se comemora com a liga da justiça e esporte é karatê!
terça-feira, 10 de abril de 2012
Quanto tempo falta pra daqui a pouquinho?
Na semana passada estive na escola da Anita para aquela primeira reunião com os pais. Duas coisas me chamaram a atenção: a postura da professora em relação ao combate da ansiedade das crianças e alguns comentários idiotas dos pais, do tipo: meu filho já perdeu todos os lápizes e eu repus, se ele não puder ir ao banheiro é capaz de mijar no pé da profe e por aí vai.
Hoje vou falar do primeiro caso. A situação era a seguinte: a professora de música não deixa as crianças fazerem xixi. Algumas mães pediram à tutora oficial que levasse todos ao banheiro antes da aula de música, que antecede o recreio, como a professora do ano passado fazia.
A nova professora explicou que se ela fizesse esta "combinação", as crianças passariam mais da metade da aula só falando nisso, perguntando sobre a hora de ir ao banheiro, enfim, completamente ansiosas e dispersas. Eis o X da questão (que bom que a professora sacou isso), as crianças de hoje não funcionam nesta lógica de recompensa que nós fomos criados. O "se você se comportar agora, ganha tal coisa" não cola com elas. Elas só vivem o agora.
Se na segunda-feira mencionarmos que viajaremos no próximo final de semana, pronto, tá feito o estrago. Elas vão passar a semana toda perguntando quantos dias faltam e se falta muito. Exatamente como fazem com o aniversário, Natal e outras datas.
Casualmente meu irmão comentou comigo que uma de suas filhas, que também tem 7 anos, está tendo crises terríveis de ansiedade. O quanto tempo falta de hoje pode virar insegurança e paranoia na semana que vem, porque elas não conseguem enxergar o tempo como linear nem tampouco entender que a morosidade e o lento encadeamento dos fatos é normal. Talvez porque nos desenhos animados não seja, mas eu, sinceramente não sei a causa ou as causas exatas deste fenômeno.
O que eu sei é a forma que eu criei para lidar com a minha filha. Uma coisa por vez. Se agora vamos fazer o tema, faço disso um grande momento. Porque, se eu apresentar uma sequência do tipo tema- descer pra brincar-almoçar fora, ela vai ficar tão ansiosa pra descer, ou pra sair pra almoçar que jamais conseguirá concluir o tema em tempo de brincar, por exemplo.