Assim como a Dani aqui do blog, quando a Carol B. me ligou contando
do projeto me convidando, aceitei na hora. Adoro escrever e trocar
idéias sobre filhos. Meu texto demorou um pouquinho porque entre as
mamães, acho que estou (isso vai melhorar com o tempo) a mais enrolada
de todas, já que tenho um recém-nascido em casa, além da Maria Eduarda
de três anos que todo dia faz uma novela para se vestir. Minha manhã se
resume em convencer a Maria que o short jeans da Hello Kitty e a
camiseta da Branca de Neve já não poderão mais ser usados porque o
inverno chegou e que todo dia a mesma roupa não dá mais.
A Maria
tem um sério problema de personalidade forte, desde os dois anos ela
teima em escolher suas roupas. Se ainda ela tivesse maturidade bastante
para isso não seria um problema, mas ela insiste em fazer combinações
terríveis e tem certeza que está linda e eu tenho que passear com ela
com trajes um tanto quanto duvidosos. Sempre que vejo pais passeando com
suas garotinhas de vestido, botinhas da moda parecendo bonequinhas
sinto uma pontinha de inveja, a Duda não usa vestido nem sob tortura,
pra ela roupa é calça, camiseta de algum personagem de desenho animado e
o seu tênis de guerra preto com bolinhas coloridas.
Pra se ter uma
ideia até a meia ela escolhe e ai de quem se atrever a enfrenta-la, seu
atual trunfo é o grito, como o João dorme várias vezes ao dia e ela sabe
que não pode gritar para não acordar o irmão, ao primeiro sinal de que
ela vai fazer drama eu muitas vezes acabo me submetendo às suas
imposições, até porque o que está ruim pode ficar pior com os dois
chorando ao mesmo tempo.
Poucos sabem, mas eu estou trabalhando,
apesar do pouco tempo de vida do João, que tem apenas 2 meses.
Comigo as
coisas foram acontecendo diferente do esperado. Normalmente, as pessoas
se formam, casam, trabalham e depois têm filhos. Eu casei, depois me
formei, tive filhos e agora comecei a trabalhar, meu marido disse que
agora eu tô virando gente, querido ele né!
Montamos uma
distribuidora de alimentos, o depósito fica num lugar e o escritório em
casa para que eu possa cuidar dos negócios sem deixar de dar atenção
para meu bebê, ou seja, não tive sequer licença maternidade, meu marido
nem esperou eu tirar os pontos da cesárea e já me encheu de serviço. Mas
isso não é culpa exclusiva dele, sou ligada no 220v, falo rápido, ando
rápido, penso da mesma forma.
No quarto dias após o parto, peguei meu
carro e fui fazer rancho no super, minhas amigas disseram que eu era
louca, mas o que eu não posso é ver geladeira vazia ou abrir o armário e
não ver um chocolatinho. Lá fui eu com uma barriga que aparentava ter
cinco meses de gestação para o super, bem feito pra mim, a moça do caixa
perguntou de quantos meses eu estava, na hora cheguei a gaguejar, ela
logo viu a merda que tinha falado e já foi remendando com um ´´ou tu
teve bebê agora?`` Sim, respondi meio sem graça, nesse momento percebi
que ainda poderia usufruir de alguns benefícios que só as grávidas têm
como estacionar na vaga para gestantes e usar a fila preferencial. Mas
isso já foi superado, minha barriga já não me entrega mais.
Quando
eu e meu marido tivemos a idéia de montarmos um negócio próprio nunca
imaginei que o segundo filho daria tanto trabalho. Na minha inocência de
mãe de segunda viagem,
imaginava a Maria indo pra escolinha e eu
com as tardes livres me dividindo entre mamadas, trocas de fraldas e
cuidando os negócios da empresa.
Mas nem tudo são flores. Meu
bebê veio com um pequeno ´´defeitinho`` da maternidade, o refluxo. Antes
de eu ter o João jamais imaginei o trabalho e a preocupação que um bebê
com refluxo dá. Não basta apenas o cuidado em fazer arrotar após as
mamadas nem inclinar o colchão do berço pra que ele não se engasgue, os
cuidados vão muito além disso, até porque a garantia do arroto não
elimina a golfada.
O João depois que mama (no peito) coloco ele para
arrotar. Aí começa o problema, às vezes o arroto não vem, você faz de
tudo, muda de posição, dá uma sacudidinha, reza e nada. E quanto mais
demora pra vir o arroto, mais o João fica irritado, muitas vezes o João
se assusta com seu próprio arroto de tão forte que ele sai. Tenho a
impressão que arrotos assim estrondosos são exclusividade de bebês com
refluxo, porque com a Duda jamais ouvi um barulhinho sequer, nem me
preocupava com isso, ela mamava e dormia imediatamente.
E não
pense que depois de arrotar a mamãe aqui pode relaxar, fazer um xixi,
tomar um suquinho...como eu disse o arroto não garante nada, tem que
ficar sempre de olho atento pra ver se ele não vai se engasgar, muitas
vezes ele regurgita depois de quase 1 hora de ter mamado, por isso estou
sempre em estado de alerta. Pra se ter uma idéia, na porta da minha
geladeira tem um bilhete bem grande colado que diz: Emergência SAMU 192,
mas não se preocupem, não sou esquizofrênica, é que na hora do
desespero dá um branco na cabeça e a gente trava, por isso prefiro não
confiar na minha memória, até porque casos de engasgos qualquer segundo
pode ser fatal, prefiro não correr nenhum tipo de risco.
As
golfadas não são o único sintoma do refluxo como eu ingenuamente
pensava. Bebês com refluxo se contorcem muito, principalmente após as
mamadas, sentem azia, queimação e um incômodo muito grande. O João
emite uns gemidos, mas em casos mais graves alguns bebês chegam a urrar
de dor.
O lado bom é que isso é tudo passageiro, lá pelos seis
meses de idade o organismo vai amadurecendo e com isso o refluxo, o
cheiro de leite azedo e as pilhas de roupas sujas desaparecem como num
passe de mágica.
Ainda bem que meu pequeno sempre se defende bem
das golfadas, mas eu confesso que já levei cada susto, principalmente
nos primeiros dias, mas graças a Deus nunca precisei correr até a porta
da geladeira para digitar os três números.
Mini perfil
Cristiane
Gomes da Luz, 32 anos, casada há 11 anos com o Alexandre, mãe da Maria
Eduarda de 3 anos e do João de 2 meses. Formada em direito é advogada de
família, mas não como a Carol Bittencourt que é uma especialista em
Direito de Família, no caso dela só advoga pra família dela mesmo,
resolvendo as pendengas sem ganhar nenhum tostão por isso. Por muitos
anos ficou sem trabalhar se dedicando exclusivamente à família e isso
nunca a incomodou. Atualmente deixou de ser dona de casa, mas vive em
casa e se divide em cuidar dos filhos e administrar a empresa com o
marido.
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