Fiquei
comovida com o texto da Ana, falando do ciúmes da Anita, sua primogênita, com a
chegada da Aurora. Revivi os primeiros dias da chegada do João, e o ciúmes da
Maria Eduarda.
No
dia do parto, eu e o Alexandre saímos aos prantos de casa, choramos até chegar
ao hospital, mas não era um choro de emoção, por vivermos mais um momento tão
especial, que é o nascimento de um filho. Era um choro de culpa, de ver que
nossa pequena já não era mais tão pequena assim, que ela deixaria de ser a
única, de ter toda atenção voltada pra ela. Ficamos mais emocionados ainda,
porque, ela que sempre foi muito grudada na gente, viu nós nos arrumarmos, mala
na mão, toda aquela agitação típica de um nascimento e sentiu que não estava incluída
nos planos naquele momento. Abrimos a porta, chamamos o elevador e a Duda falou:
-
´´Vocês vão no médico tirar o João da barriga?``
-
Sim filha. Não consegui dizer mais nada, a voz ficou embargada, o Alexandre deu
uma virada, disfarçando a emoção.
-
´´Tá bom mãe, eu vou ir pra casa da vó então``...e saiu levando seu DVD rosa.
Como
uma verdadeira moça, entrou na casa da minha mãe que mora no mesmo prédio e
andar que o meu, bateu a porta, e eu e o Alexandre nos derramamos em lágrimas e
seguimos para viver momentos ainda mais emocionantes pela frente.
Depois de conhecer a carinha do João, minha
maior curiosidade era ver a cara dela vendo ele pela primeira vez. Infelizmente
estava sendo costurada nesse momento. Graças à pediatra deles, a Drª Clarissa
Miura, que fez o papel de fotógrafa, eu pude ver a
cara da Duda nesse exato momento. Ela ficou um pouco apreensiva, como vocês podem ver abaixo.
No
dia seguinte, ela foi nos visitar no hospital. No primeiro momento, ela estava
eufórica, queria pegar ele, recebeu o presente que o mano trouxe de ´´dentro da
barriga``, brincou feliz. Mas logo em seguida, parece que caiu a ficha dela e
de repente ela começou a chorar, mas não era um choro de manha, era um choro
com sentimento, profundo. Eu chorava junto. Ao final da visita, ela foi embora no colo do
pai esticando o bracinho pra que eu a pegasse no colo e voltássemos nós três
pra casa, como era antigamente.
Não
deve ser fácil para a criança entender que a mãe fica grávida, depois vai para o
hospital, fica longe dela por no mínimo dois dias, e volta com um bebê que toma
quase todo o tempo daquela que estava à sua disposição 24 hs por dia. Esse bebê
vira o centro das atenções, recebe presentes das visitas, faz a mãe ficar mais
cansada, não deixa a mãe sentar no chão para brincar com ela porque chora quase
o tempo todo querendo mamar, trocar fraldas, dormir...enfim, o novo integrante
da família precisa da sua mãe para tudo.
Como
eu fiz cesárea, não pude pegar a Maria no colo durante quinze dias, ela então reclamava
que eu só pegava o João no colo e ela não.
Em
casa, tivemos o cuidado de não ficar elogiando o João na frente dela, os
familiares que vinham visitar faziam a mesma coisa, mas volta e meia eu via ela
de cabeça baixa, escondida ou chorosa no seu quarto. Enquanto amamentava o João,
peguei ela algumas vezes me espiando pela fresta da porta fazendo beicinho.
Dica
para os visitantes de plantão; sempre que forem visitar um recém-nascido, e
este tiver um irmão ou irmã, leve presente para os dois, ou não levem para
nenhum. Não chegue direto indo conhecer o bebê. Primeiro fale com o mais
velho, peça então para ele te mostrar o irmão(ã). Não fique elogiando o bebê, primeiro;
porque o bebê não entende nada do que você diz e, segundo; que quem entende,
está atento em cada palavra que você fala e só vai alimentar o ciúmes.
Conclusão: elogie quem realmente quer e precisa ouvir elogios naquele momento.
Felizmente,
isso tudo passa. A crise de ciúmes da Duda durou cerca de cinco dias, no
máximo. Todo esse sentimento ruim foi se transformando, e o amor de irmão falou
mais alto. Hoje, a Maria é simplesmente fascinada pelo João, abre o maior
sorriso quando acorda e vê ele. Ela que sempre foi resmunguenta logo que
acorda, é só colocar o mano do lado dela e, tchau mau humor.
Hoje,
se eu elogio o João na frente dela, sabem qual sua reação? Ela elogia junto,
beija, abraça, é Joãozinho prá cá, é Joãozinho prá lá, e eu tenho que segurar
ela pra conter suas emoções.
É
tanto carinho que ela tem pelo irmão que quando aconteceu o acidente do João, o
Alexandre chegou um dia a me comentar que não iria se perdoar se algo de pior
acontecesse. ´´Imagina Cris, tirar o João da Duda, eu não aguentaria.`` O mesmo
eu não posso falar da Princesa, nossa cachorra. O ciúmes dela pela Maria
Eduarda perdura até os dias de hoje, na verdade a princesa é quem foi o
primeiro bebê da casa, e agora com o João, a Princesa está
inconformada.
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