quarta-feira, 17 de abril de 2013

Roupa suja de comida

Estou exatamente nessa fase sujinha da maternidade. Você tá dando comida, a criança reclama, quer colo. Te faz de guardanapo e você vive com restos de comida seca; tantos que vão se acumulando na roupa de forma que máquina alguma é capaz de remover.

Ela tem 10 meses, caminha - até 5 ou 6 passos - quando dá na telha, tem tossido consideravelmente e me morde com seus dois dentinhos sempre que tem uma oportunidade.

Não sei por que cargas d'água o berço da Aurora fica no meu quarto. Quer dizer, até sei. Porque eu não quis desmontar um closet para fazer seu quartinho. Meu closet, não. Como ela tem sono leve, acorda com qualquer barulho, temos dormido em posição de estátua. Eu que era de me mexer até achar um aconchego, hoje adormeço até sentada. Quando isso acontece, vou escorregando bem devagarinho e deito sem emitir um decibel.

Essas primeiras noites de frio têm sido terríveis. Ela tá bem resfriada, tosse e chora muito. Fica irritadíssima quando boto Salselp no seu nariz. Acredito que o descongestionante seja ruim, mas a respiração melhora tanto depois. E rola até um soninho, quer dizer, uma cochilada.

Parte da culpa pelo resfriado da Aurora é minha, que inventei de levá-la passear de no domingo ventoso. Por outro lado, todas as crianças estão resfriadas o que me deixa resignada. Inverno é isso mesmo: meleca.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Coelho Malvado!!

Depois de fracassar no Natal, resolvi que a tarefa de levar os bicos da Betina seria do Coelho da Páscoa. Pobres personagens do universo infantil, ficam com fama de malvados para aliviar a consciência das mães desesperadas. A rotina de chupar o bico não existia, era exceção olhar para a Betina e ela estar sem bico. Já não fazia mais cerimônia, era em shopping, em festinhas, sempre dependente do bico e eu sentia que cada dia aumentava mais a dependência.

Durante a semana fui preparando seu espírito e avisando que no domingo, quando ela acordasse e encontrasse muitos chocolates deixado pelo coelho, ele teria levado seus bicos. Ela concordava e até demonstrava certa animação pela troca. E assim foi. Ao acordarmos no domingo, havia muitos rastros da presença do coelhinho em casa, cenouras roídas, palhas espalhadas, muitos ovos e ninhos pelo caminho e NENHUM bico para contar história. Na bagunça de caçar os ovos e ninhos, ela nem perguntou pelo bico, quis comer chocolate ainda de cara amassada da cama...deixei e ela se esparramou no sofá.....de repente veio a pergunta já com voz de choro: mas mãe, e o meu bico??? olhei em volta, sugestionando a resposta e ela disparou: não quero mais isso, pode levar, quero meu bico!
Disse que agora não teria volta e começou a manha, o choro sem lágrimas, a irritação. Distraía ela com outros assuntos, funcionava um pouco e depois começava o assunto novamente. Até brincadeiras de faz de conta que dedo é bico ela inventou. Me cortava o coração os olhinhos brilhantes e a voz manhosa pedir "meu biquinho mamãe". Confesso que quase cedi no meio da tarde quando bateu o sono e ela chorou de escorrer lágrimas. Peguei ela no colo, nanei e ela dormiu chupando os lábios e fazendo o movimento do bico. Tive que ser forte, pois pelo meu marido e pelos meus pais que passaram a tarde acompanhando, a torcida era pra que eu devolvesse o bico pra ela.

Veio a noite e ela voltou a pedir na hora de dormir. Peguei novamente no colo, abracei, expliquei que a vontade já iria passar e novamente ela adormeceu sem maiores dramas. Dormiu a noite inteira e ao acordar hoje nem tocou mais no assunto. Está na escola durante a tarde, tomara que hoje a noite ela não peça mais. Me sinto aliviada de ter vencido outra etapa, estou muito feliz pelo comportamento dela, esperava que fosse muito mais difícil, que ela choraria magoada, ainda bem que isso não aconteceu.

O bico é um objeto importante na vida das crianças, não podemos ignorar os sentimentos delas em relação ao objeto para que a retirada dele não cause traumas que marcam uma vida toda.
A minha angústia como mãe era ver a minha filha irritada e nervosa por algo que eu estava provocando. Eu imaginava a situação de lhe devolver o bico e assistir seus olhinhos brilharem, ver o ar de tristeza substituído por felicidade. Me culpava por ter o "poder" de acabar com sua tristeza e não o fazer. Mesmo sabendo óbvio que estou fazendo o que é melhor pra ela, mas o sentimento de mãe é esse, de não querer que o filho sofra em hipótese alguma.

Enfim, passamos por mais essa juntas, com muito amor, paciência e vamos indo uma fase de cada vez. Abaixo deixo um trecho de um texto de um grande psicanalista para que possamos refletir sobre as etapas da vida dos nossos pequenos.



"O objeto transicional(bicos, fronhas, etc...) decorre da projeção, do que o bebê introjetou da mãe. É controle de manipulação e sobretudo posse, com direitos sobre ele. Representa simbolicamente o seio, permitindo relação afetuosa com o objeto, às vezes amado e às vezes odiado, suportando e sobrevivendo à mutilação.
O objeto transicional oferece a oportunidade de experimentar o NÃO EU, bem como a distinção entre fantasia e realidade. A criança desenvolve imaginações e criações." (Donald Winnicott -1951)

Adeus bico!


É com muita alegria e satisfação que venho comunicar que a Maria Eduarda está livre do bico!!! Mas não pensem que foi fácil. Foi muuuito fácil!!!

Tá bom que ela teve duas crises de total desespero pedindo pelo bico, a primeira eu já contei aqui no blog, crise essa superada com uma chupada de bico do mano.

No outro dia quando ela acordou, apareceu na sala chupando o bico do João, imediatamente lembrei que ela tinha parado de chupar bico. Ela ficou um pouco envergonhada e tirou o bico da boca, acho que foi um deslize mesmo, afinal ela tinha parado de chupar bico um dia antes e, à noite, na hora de dormir, cedi aos seus apelos e fraquejei.

Às onze horas da manhã de sábado ela teve mais uma crise. Pediu, implorou pelo bico do irmão, se jogou no chão, esperneou, chegou a jurar o coelhinho de morte, disse que odiava a cesta de chocolate que ele deixou, foi até engraçado ouvir ela dizer isso, mas confesso que achei que teria que me dirigir até a farmácia mais próxima e comprar um bico novo.

Mas, passado mais ou menos quinze minutos de chororô, ela começou a ficar mais calma, me abraçou e pediu colo. Na hora, dei um super abraço, colinho, conversei, elogiei, disse que entendia o que ela estava passando, mas que ela já estava grande o bastante e que o bico era coisa do passado. Foi como mágica, depois dessa segunda crise nunca mais reclamou por seu bico. Eu e o Alexandre estávamos esperando por mais alguns dramas e nada!

O único problema é que ela tem dormido super tarde, em torno de uma hora da manhã, com o bico ela se acalmava e dormia fácil. Tem falado bem mais, o bico é um verdadeiro ´´cala a boca``, e comido melhor também.

Com esse texto quero incentivar outras mães que estão passando pelo mesmo dilema, não desananimem com uma, duas ou três crises, posso garantir que não passará da terceira e eles se verão livres, felizes e sem traumas.

Ontem quando voltamos da praia, tentei dar o bico bem de cantinho para o João, quando ambos estavam sentadinhos em suas cadeirinhas no carro, mesmo com minha discrição ela percebeu e nem deu bola. Curtiu toda a viagem de volta demonstrando toda a sua personalidade de menina moça. Quanto orgulho senti da minha mocinha!