terça-feira, 10 de julho de 2012

O gorila do colégio

Por Caroline Bittencourt

Toda criança em idade escolar tem pelo menos um. O famoso, o onipresente, o personagem de todas as histórias, é ele: O GURI LÁ DO COLÉGIO (mas é tão mais legal chamar de gorila, vai dizer?).

Pois então, volta e meia escuto uma história do tipo “mãe, sabia que tem um guri lá no colégio que fala mal da mãe de todo mundo?” ou “sabia que um guri lá do colégio falou palavrão na frente da professora?”. Os gorilas são sempre tinhosos.

E quando o gorila é mais do que tinhoso? E quando é agressivo? E quando é agressivo com os nossos filhos? Defina: RAIVA.

Semana passada, o Lucca entrou no carro na saída da escola com uma cara horrível. Primeiro disse que era dor de cabeça, mas dei uma insistida e ele contou: “Tem um guri lá no colégio que todo dia pega meu estojo e leva pra mesa dele. Como eu sou mais inteligente e já sei que ele vai devolver logo, não faço nada. Mas hoje ele pegou o estojo e jogou na minha cabeça”.

Minha vontade foi dizer “quebra a cara do piá”, mas como sou mãe, pacífica e conciliadora, disse apenas “tu já conversou com ele, já pediu pra parar?”. Excessivamente pacífica, né? É.

E o relato do Lucca seguiu: “Já falei com ele. Ninguém mais agüenta ele, nem eu. Olha que eu não gosto de violência, mas senti tanta raiva que parecia que eu ia explodir”. Bom, a essas alturas EU já estava quase explodindo!

Mais tarde, em casa, seguimos conversando a respeito. Ele ainda muito irritado. E eu preocupada em como seria no dia seguinte. Aconselhei a conversar, se afastar e, se necessário, se defender, claro.

Por via das dúvidas, pensei em avisar no colégio, porque vá que o gorila aprontasse de novo e o Lucca reagisse? E se o gorila fosse na coordenação e tentasse passar por vítima? Pelo menos o colégio estaria ciente do que tinha acontecido antes...

No dia seguinte, às 13h15min, o Lucca me liga do colégio: “mãe, não precisa ligar pra cá, tá? Já conversamos e ele disse que não vai fazer de novo”. Será? Acabei não ligando, principalmente porque senti que ele poderia estar com medo de que a minha intervenção piorasse as coisas e ele acabasse ouvindo do gorila algo do tipo “foi chorar pra mamãezinha, é?”.

Minha única providência concreta foi ir com ele assistir a uma aula de jiu-jitsu. Na hora, ele pareceu empolgado, mas está refletindo há uma semana sobre se quer fazer ou não. Por mim, já estava matriculado! Não quero que ele saia brigando por aí, muito menos que vire um gorila! Mas de excessivamente pacífica nessa casa basta eu!

E os gorilas que se cuidem!

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