segunda-feira, 25 de junho de 2012

Silêncio no shopping

Reza o ditado que depois de nos estressarmos muito com uma situação a gente passa a rir dela. Penso que seja esse o meu caso. Nunca pensei que alguém fosse me pedir silêncio em pleno shopping. E mais: dentro da praça de alimentação em pleno sábado de vésperas de dia dos namorados, ou seja, muvuca total.
Antes de termos filhos é claro que somos mais chatos e críticos a alguns comportamentos infantis. Reparamos com um olhar mais severo  berros e pirraças de crianças em ambientes públicos. Chegamos a pensar: "ahh se fosse comigo....ahh se fosse meu filho." Depois, dentro da situação, agimos conforme a situação vai se manifestando. Levamos em consideração sono, cansaço, fome e seguimos o baile da maneira que for mais conveniente.

Eu e meu marido nos consideramos "sortudos" por assim dizer, Betina nunca deu "piti" em público, do tipo se jogar no chão ou se agarrar em um brinquedo no supermercado ou em alguma loja querendo levar a qualquer custo. Claro que vez ou outra ela já chorou por não querer se acomodar em uma cadeira ou não querer sair de espaços kids, essas normalidades que quem tem filho ou um pingo de bom senso compreende.

Falando em bom senso, considero que tenho muito sim e não me vanglorio por isso, sempre dito aquela máxima: "a minha liberdade acaba quando começa a do outro" e também respeito o lazer alheio, mesmo em praças e beira de praia estou sempre cuidando para que a Betina não "invada" o território vizinho com suas gracinhas que nem sempre pode agradar a todos. E com esse meu jeito nunca tive problemas, pelo contrário, sempre que chamo a atenção dela pra isso escuto das pessoas: deixa ela, ela não incomoda.....e por aí vão dezenas de elogios. Isso até rendeu uma coluna do Davi Coimbra na ZH certo veraneio. Betina foi ao encontro do filho do colunista e este não perdeu a chance de registrar o encontro num divertido texto na ZH dominical nos deixando muito felizes e orgulhosos da simpatia da nossa pequena.

Quando se trata de restaurantes, sou ainda mais precavida, vou munida de livrinhos, joguinhos e tudo que possa distraí-la enquanto comemos e para que ela não comece a ficar impaciente e com isso possa chatear alguém. Mas nesse caso, sei que a pessoa em questão devia estar com um sério problema ou ser realmente uma desequilibrada, o que realmente não me interessa saber. Estávamos sentados na praça de alimentação de um movimentado shopping aqui de Porto Alegre, Betina folheava sua revista das princesas e nos questionava safadamente sobre o nome das princesas. Digo safadamente porque ela conhece todas, ela queria apenas brincar e nos chamar a atenção. Cada vez que eu fazia de conta que não sabia e errava ela ía as gargalhadas. Papo vai, papo vem, a pessoa em questão (uma mulher aparentando trinta e poucos anos) nos pede para que a Betina fale mais baixo. Claro que a questionei: como assim, falar mais baixo? em pleno shopping? criança fala nesse tom, estão todos a volta falando ao mesmo tempo. Diante das caras e bocas da pessoa infeliz, inclusive fazendo sinais de tapar o ouvido, perdi totalmente a compostura e disse que o que eu poderia fazer era arrumar uma jaula pra ela, porque pessoas como ela deveriam andar enjauladas.
O bate boca só não ficou mais caloroso porque apareceu um senhor que me pediu muitas desculpas, que a filha dele estava passando por problemas na família, inclusive de luto. Atendi seu pedido, era um senhor bem de idade envergonhado pela filha, mas não deixei de dizer que shopping não é lugar de curar luto e que tinha certeza que o comportamento da minha filha estava totalmente adequado ao local e a idade que ela tem.

Não preciso nem dizer que me estragou o dia isso. Quando comentava sobre o assunto sentia um calor pelo corpo. Só depois de passado algum tempo e pensando na situação que consigo enxergar o quanto esta pessoa deveria estar mesmo de mau com a vida, mesmo que isso não justifique sua péssima educação e destempero, mas se irritar com a voz e com o riso de uma criança, só pode ser alguém muito infeliz.

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