terça-feira, 1 de maio de 2012

Carol, que já embalou muito a Mariana e o Lucca


Pois então, lá vou eu contar minha história de novo.

Digo de novo porque, nossa, já a repeti muitas vezes.

As pessoas costumam ficar espantadas e curiosas quando ouvem minha filha me chamando de mãe. Imagino que devam começar a fazer contas e imaginar enredos mirabolantes.

Os números foram variando com o passar do tempo, naturalmente, mas minhas respostas são sempre as mesmas, com pouquíssimas variações.

"Não, não somos irmãs". "Sim, é minha filha". "Eu tenho 32, ela 17". "É, eu sei que pareço ser mais nova". "Não precisa fazer a conta, tive ela com 15". "Sim, este outro também é meu filho, tem 10 anos". "Sim, são filhos do mesmo pai". "Não, não estou mais casada com o pai deles". "Deu certo, sim, por 14 anos, até que deixou de dar". 'Sim, 'casei' de novo". "Sim, ele já tem um filho, de 14". "Não, não pretendemos ter outro filho".

Sério, as perguntas são sempre as mesmas. A Mariana já disse que acha sem graça quando alguém numa loja, por exemplo, trata com naturalidade o fato de sermos mãe e filha.

É óbvio que não foi fácil e que tive que abrir mão de muita coisa, mas também não foi difícil, e as coisas que vieram foram muito boas!

Costumo dizer que já nasci madura, então assumir algumas responsabilidades a mais não foi tanta novidade assim.

Tenho uma família incrível, que me apoiou incondicionalmente desde o início. Jamais vou esquecer do dia em que recebi a ligação do meu pai, que na época morava em Salvador, depois de ter recebido pela minha mãe a notícia de que a filha de 14 anos estava grávida. Eu tremia segurando o telefone do Garfield do meu quarto, trazido de uma viagem com ele aos Estados Unidos alguns meses antes. Aos prantos, ele disse: "filha, quero que tu saiba que o pai te apoia no que tu decidir". Choro agora, choro toda vez que lembro disso.

Minha mãe não mostrou nenhum espanto, parece que já esperava por aquilo. Talvez porque eu estivesse repetindo de certa forma a história dela, que teve a mim com 14, meu irmão com 15 e minha irmã com 17. E, depois disso, fez Medicina, é Neurocirurgiã.

Meus pais ficaram casados por uns 12 anos. São pessoas completamente diferentes, mas igualmente inspiradoras e generosas.

Talvez o parâmetro que eu tive - pais jovens que não se contentaram em ser apenas pais e 'venceram na vida' - tenha sido responsável por eu ter acreditado que dava pra conciliar filho com estudo.

Mais ou menos na metade da faculdade de Direito, resolvi que tinha que ter um menino. Ninguém me tirava aquilo da cabeça, tinha que acontecer. Tirei o DIU e engravidei do Lucca cinco dias depois. Digo que ele pediu pra nascer, é um anjo que precisava vir pra minha vida.

Não lamento nada, não me arrependo de nada, não faria nada diferente. Minha vida não é fácil, nunca foi, mas das muitas atribuições que puxo pra mim (esponja é meu nome, muito prazer), as maternas são as mais agradáveis e compensadoras.

Tenho sempre uma meia dúzia de dilemas e situações de filhos pra administrar, isso desde os meus 15 anos. Nem sei como é viver sem isso, nunca fui adulta sem ser mãe.

Os dramas do momento envolvem basicamente a adaptação da Mari no intercâmbio no Texas, onde ela já está há quase 3 meses, e a do Lucca no colégio novo.

Quando dizem que filho dá trabalho e despesa por causa das cólicas e fraldas, parece que ter filho é ter um bebê pro resto a vida!

Esperem só até ter que lidar com uma filha chorando por causa do namorado ou ligando de outro país de madrugada pedindo pra voltar, ou um filho perdendo o sono com medo de 'não estar à altura das exigências da escola nova' (palavras do próprio).

O tipo de preocupação e a imensa variedade de situações vão mudando com o passar do tempo, e a mãe aqui levanta da cama todos os dias pra aprender a ensinar a resolver cada uma delas, bem feliz.

Seu mini perfil
Caroline Canozzi Bittencourt, 32 anos, mãe da Mariana (17) e do Lucca (10), 'casada' com o Iuri (38), que é pai do Iuri (14), todos morando juntos. Advogada tão família que resolveu se especializar em Direito de Família para cuidar da vida de outras famílias (novas, desfeitas, refeitas). Se divide diariamente entre filhos, enteado, marido, escritório, apartamento novo e ainda cheio de caixas e, mais recentemente, academia. Nunca foi adulta sem ser mãe e sem ter múltiplas responsabilidades. E acha isso muito legal.

Um comentário:

  1. Carol,
    Parabéns pela história, pelas palavras e pela coragem! Lembro exatamente do dia em que, durante um trabalho da faculdade, discutimos sobre aborto. Eu defendia ardorosamente (por determinação do professor) a possibilidade de interrupção da gravidez por qualquer motivo. E tu, com a delicadeza peculiar de que já era mãe, tentava me convencer (e à turma inteira também) de que o aborto jamais seria uma boa saída. Foi uma boa discussão e talvez hoje ela nem se repetisse...
    Anos depois, nos tornamos grandes amigas! E então fui surpreendida com o teu desejo absurdo de ter um menino, o que te levou a suspender a faculdade e se formar um semestre depois da nossa turma! Que coragem e que vontade! Veio o Lucca lindo e forte e te vi a pessoa mais realizada do mundo.
    Confesso que quando resolvi ser mãe não estava tão convicta quanto tu... Talvez por que tu já tinhas passado por esta experiência e pra mim tudo ainda se tratava de uma grande novidade ou mesmo de fases da vida...
    Hoje, com a Bia nos meus braços, sei exatamente o sentimento que sempre vi tu teres com os teus filhos. Criaste uma família saudável, linda e impecável! E isso é o que eu quero pra mim... Agora não é mais "só" uma fase da vida, é a minha vida, a Bia é a minha vida!
    E eu tenho certeza que quero mais... Talvez eu venha a ter a mesma convicção que tu tiveste antes de ter o Lucca, mas isso só daqui uns 2 ou 3 anos...
    Beijos, amiga!!!
    Grazi

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