domingo, 20 de maio de 2012

Escolhinha


Mãe, por que a Alexia não vai na escolinha do papai do céu?

Foi assim que a filha de uma amiga nos perguntou – a mim e a mãe dela – se a A. não poderia fazer mais uma atividade com ela. Mas antes que eu tivesse a chance de responder por que a minha filha não frequentava a tal escolinha, minha amiga respondeu bem rápido que ela era muito pequena, e por isso não poderia ir.

Essa minha amiga, que é espírita e está levando as filhas todos os sábados para a evangelização, sabe muito bem que da minha boca teria saído algo bem diferente como resposta. Mas fiquei calada.

Eu respeito a religião alheia, mas sou ateia. Não consigo acreditar em nada destas coisas, não tem jeito. Tem algumas religiões que acho mais interessantes que outras, vejo que existe uma filosofia interessante por trás, mas no geral esses dogmas e as coisas inexplicáveis me repelem mesmo. Eu fui batizada no catolicismo, fiz primeira comunhão, casei na igreja e batizei meus dois filhos. Mas desde a primeira comunhão me tornei agnóstica, e nos últimos dez anos me vi ateia mesmo.

Achei legal batizar as crianças porque gosto da ideia de ter padrinhos. Casei na igreja porque meu marido queria, e sei lá, eu achava bonita essa viagem romântica de casar na igreja, vestido, véu.... Mas confesso que hoje, quando me lembro, acho que exagerei feio na hipocrisia.

De qualquer forma, meu filho nunca foi para o catecismo. Minha mãe, que também detesta a igreja católica, disse um dia: não crie esse menino com essas ideias de pecado e de culpa católica, deixa ele ser livre para pensar o que quiser. E foi o que eu fiz. Ele praticamente nunca foi a uma missa, e as aulas de religião que teve na escola na Inglaterra para mim foram suficientes: estudou as quatro grandes, cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo, sob um ponto de vista meio sociológico. O único parênteses que faço é que acho que ele perdeu um lado cultural de se saber a história católica, as parábolas, os santos, etc, já que o nosso mundo é cheio de referências disso. Mas ele sempre pode aprender se tiver interesse.

Meu marido falou que quer que a pequena faça comunhão. Não poderia ser diferente, ele vem da Itália! - e tem uma mamma que peregrina à Lourdes todos os anos.... Mas eu cada vez mais tenho aversão a se colocar uma criança pequena para ouvir pessoas que acreditam piamente em uma verdade específica e que fazem de tudo para convencer as crianças de que é daquele jeito que o mundo funciona.

A conversinha com a filha da minha amiga me mostrou mesmo o quanto isso tudo é absurdo para mim. É justo condicionar crianças a acreditarem em certas coisas? Ou é melhor deixar elas decidirem no que acreditam? Essas escolinhas do papai do céu fazem mais bem do que mal? O que vocês acham? Eu sei o que funciona na minha casa...

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